Cadê meu bolso?

Chega. Não podemos mais ignorar algumas coisas. Eu sou a Lili, criadora da e na Camitcha e que as vezes fica muito incomodada com a moda.

Me sinto muito no direito de escrever esse texto em primeira pessoa (afinal, essa marca é parte de mim e eu, parte dela) para expressar meu profundo desagrado com algo que percebo há muitos anos em roupas femininas de diversas marcas.

Aqui vai: QUAL É O PROBLEMA DE COLOCAR BOLSOS DE VERDADE EM ROUPAS DE MULHER? Parece bobo, mas é algo que realmente incomoda. Calças com bolsos “de mentira” (as vezes o externo até está ali, mas é costurado! Um bolso falso!) é talvez um dos motivos que eu me tornei uma designer, não vejo coisa mais sem sentido ou até mesmo jaquetas sem bolsos. Onde pensam que carregamos as coisas? (Ou onde colocamos aquela mãozinha que não segura nada e não tem muito para onde ir?)

Por muito tempo nenhuma roupa feminina teve bolsos. Isso porque as mulheres não possuíam nada para carregar, elas mesmo eram uma posse de seus maridos, logo os bolsos eram inúteis. Coco Chanel foi a primeira a ter a ousadia de colocar bolsos em uma peça feminina, mas isso aconteceu somente nos anos 20, enquanto homens do mundo todo já tinham bolsos para tudo que é lado em suas roupas. Vocês conseguem imaginar o bafafá que isso deu né? Teve gente inclusive dizendo que isso deixava os homens impotentes, porque assim as mulheres poderiam esconder coisas.

As vezes me perguntam o porquê de tantos bolsos nas minhas peças, inclusive se eu tenho algo contra bolsas (e eu não tenho, inclusive amo bolsas e tenho bem mais do que deveria rsrs) enquanto para mim parece muito óbvio que uma coisa não substitui a outra. Enquanto o bolso, tem a função de guardar aquelas coisas que precisamos de acesso rápido (um celular por exemplo), a bolsa guarda coisas maiores e que não vão ser usadas tão logo (na minha bolsa, sempre tenho um caderninho de ideias, mas nem sempre tenho ideias rsrs 2).

Eu fico imaginando como uma indústria que cria para mulheres entende tão pouco das necessidades femininas. Não somos bibelôs que precisam apenas ser belas e estar combinando. Nós somos muitas. Nós trabalhamos, estudamos, vamos para balada e queremos as mãos livres para dançar. Nós precisamos de bolsos.

Não vamos mais aceitar roupas que não nos representam, então imagina roupas que indiretamente nos dizem: vocês não possuem nada. Nós possuímos, coisas, história e força. E mais do nunca, possuímos voz para dizer: ou nos escutam ou nos faremos ouvidas.

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